segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os infelizes - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Há infelizes que não fizeram por merecer sua infelicidade. Não eram e não são maus. Há os que a merecem: cuspiram no prato que comiam. Mas isso de ser feliz não é tão simples nem é tão mágico. Também não é tão difícil.

Há mistério nisso. Muitos queriam ser felizes e o são. Muitos queriam e não são. Não se sabe de ninguém que tenha orado a Deus pela graça de ser infeliz. Felicidade é o que todos buscamos. Ela consiste num grau suficiente de satisfação e na descoberta do bastante. É nesse bastante que muitos naufragam. Quando o "mais" se torna "demais" a infelicidade começa a se manifestar. Quando o suficiente começa a parecer "menos" é quando, também, o indivíduo começa a ser infeliz.

O problema não está, pois, no desejo: está na busca. Há quem busque de maneira factível e quem busque de maneira errada, portanto impossível. Bebida demais, comida demais, dinheiro demais, sucesso demais, projetos demais, conforto demais, tudo isso acaba em saturação e a saturação está longe de ser satisfação, posto que o satisfeito sabe que deve parar; enquanto que o saturado quer mais, mas não tem mais espaço para este mais que ele quer. Acaba insatisfeito.

O mundo tem bilhões de pessoas plenas e satisfeitas. Não querem mais do que possuem nem pretendem ser muito mais do que são. Vovós e vovôs felizes não querem outra coisa além da família que criaram, o conforto do lar que construíram e alguns encontros com amigos e familiares. Não se iludem com isso de ter mais. Chegaram ao bastante e ao suficiente. Vale dizer: ficaram sábios.

O ganancioso, o desesperado por dinheiro, o que não reparte, o que acumula, o que compra o que não precisa, o que precisa ter a mais recente novidade, o que devora e consome o melhor do melhor, o que não hesita em pisar e roubar para ter o que deseja pôs a sua felicidade no ter mais. Não lhe sobra espaço para ser mais. Faz um vale-tudo para chegar ao topo. Ma todo o topo termina em descida. Não admitindo descer, a infelicidade aparece, agora sem disfarce e sem amenidade.

Amigos tentam prevenir, mas não são ouvidos. Familiares tentam orientar, mas ele não ouve. Quer, porque quer, porque quer! Sabe, porque sabe, porque sabe! Ouve, mas não escuta. Para ter o que deseja faz o que acha preciso: vira traidor, assaltante ou quadrilheiro: rouba, desvia, engana, assalta, sobe o preço, mente mas quer aquele dinheiro, aquele lucro, aquele lugar , aquele posto. Se algo não dá certo acha alguns culpados; ele mesmo, nunca! É infelicidade solidamente construída. Não veio por acaso!

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